Venho
de longe, trago o pensamento
Banhado em velhos sais e maresias;
Arrasto velas rôtas pelo vento
E mastros carregados de agonias.
Provenho dêsses mares esquecidos
Nos roteiros de há muito abandonados
E trago na retina diluídos
Os misteriosos portos não tocados.
Retenho dentro da alma, prêso à quilha
Todo um mar de sargaços e de vozes,
E ainda procuro no horizonte a ilha
Onde sonham morrer os albatrozes...
Venho de longe a cortornar a esmo
O cabo das tormentas de mim mesmo. |