Z W A R G


UM TESOURO ARTÍSTICO NAS ILHAS QUEIMADAS?

Conheça a história de um engenheiro, especializado em geologia, que viveu uma sofrida experiência ao tentar decifrar um "mapa" entalhado em miniatura, numa pedra de ágata, encontrada numa corredeira, do Rio Branco, que ladeia a velha trilha de Leonardo Nunes, o Abarebebê, e do Padre José de Anchieta.

Conhecedor da ilha e de seus contornos e ser aficionado à pesquisas em geologia e de permeio, a pescarias, - estudou as inscrições na ágata, que contudo, sofrera danos ao ser perdida (?) na cachoeira do Rio Branco.

Examinou essa "Chave de um Tesouro", sob critérios técnicos e logo organizou uma expedição com alguns dos funcionários de sua fazenda e amigos - viagem essa em sigilo.


Esse mapa em miniatura - a ágata - foi a única pista deixada por um escultor francês, membro destacado de missão que desenvolveu intensa atividade na Ilha, onde viveu por um período, no século XVI, esculpindo figuras humanas, de animais e inscrições, mesmo em altas rochas!. Seu nome é JEAN GOUJON, especialista em "micro esculturas", entalhes e estatuária, sobretudo, em "equilibrar" suas esculturas com jogos de sombras e luz!

Histórico

Há muitos anos passados, um funcionário de minha fazenda, em Itanhaém, pediu-me que examinasse uma pedra, pouco maior que uma caixa de fósforos. Explicou que fora encontrada pelo sogro, após forte chuva, no leito de uma estrada que estava sendo acascalhada com material retirado do rio Branco. Era uma ágata e nas laterais notavam-se alguns traços aparentemente sem definição. O que chamava a atenção era que as partes expostas dos veios concêntricos da ágata, tanto no anverso como no verso, haviam sofrido oxidação através do tempo dando a pedra um aspecto "curioso". Pareceu-me um amuleto e achei que poderia interessar a algum professor da faculdade onde minha filha estudava. Por isso pedi a pedra emprestada e a trouxe para São Paulo. De todos a quem a ágata foi apresentada tanto na Cidade Universitária como no meu círculo de amizades, obtive a mesma reação: uma pedra "curiosa" e nada mais.

Comprei-a algum tempo depois, mesmo tendo verificado que tinha sido destruída a parte correspondente ao verso. Por uns dois anos, a pedra ficou esquecida no fundo de uma gaveta.

Num desses dias em que nem a leitura agrada, a reencontrei e me propus estudá-la para ver se os traços tinham algum significado. Quando constatei que realmente havia relação, nas linhas da ágata, me entusiasmei a ponto de dedicar a ela todo momento de folga.

Acabei me convencendo que havia um mapa na pedra, e não podia deixar de supor que haveria um motivo muito forte para levar alguém a desenhar um mapa numa ágata. Relacionando o que havia na pedra, como o conhecimento da costa de Itanhaém, que havia adquirido através de pescarias no mar, achei que o mapa deveria indicar a Ilha Queimada Grande, a 50 km ao sul, área do Município de Itanhaém.

Para prosseguir em minhas pesquisas, tornava-se indispensável uma visita à ilha. Devido ao tempo requerido para uma exploração por mar, e uma vez que só fins de semana eram dedicados à minha propriedade agrícola, acabei optando por sobrevoar a ilha de avião. O que vi não deixou dúvida que estava no caminho certo, mas para continuar os estudos tornava-se necessário fotografar a ilha por mar. Na primeira oportunidade fui até lá, e o que vi me deixou deveras surpreso:
a) A ilha vista por mar, de certo ângulo e distância, apresentava os mesmos contornos da ágata.
b) A linha inicial da ágata era como que uma curva de nível da crista da ilha na parte rochosa exposta e de frente para o norte.
c) Os traços existentes na ágata davam certa correspondência a acidentes naturais da face rochosa.

Não havia mais dúvida, eu estava certo, tinha localizado a área, mas não o objetivo. A esta altura eu fiquei convicto de que a Ilha continha um tesouro de piratas ou jesuítas do tempo da expulsão. O local era ideal para ambos os casos.

Pus-me a estudar com mais entusiasmo, demasiado sem dúvida, pois logo cheguei a conclusão que me pareceu óbvia, embora certas linhas do mapa não se encaixassem nessa interpretação. De qualquer forma, só me restava ir ao local e pesquisar, e no caso de minha interpretação mostrar-se incorreta, pelo menos colheria dados para nova tentativa. Assim tratei de preparar-me para a primeira exploração da Ilha:
a) Comprei um aparelho rádio-localizador de metais, achando que com ele resolveria os problemas de localização.
b) Comprei uma lancha de alumínio com dois motores, com o objetivo de permitir rápido contato com Itanhaém, em caso de emergência ou falta de suprimentos. No barco ficariam meu filho e seu amigo, para dar impressão aos barcos pesqueiros que ali ancoram durante o dia, que éramos pacatos pescadores em férias.
c) Fretei um barco pesqueiro pequeno, para servir de alojamento.
d) Reuni sete homens, dois da fábrica onde trabalho e que sabiam o motivo da expedição, e cinco trabalhadores de confiança de minha fazenda, os quais posteriormente vieram a causar problemas de falatórios.

Na segunda quinzena de novembro de 1970 desembarcamos na ilha. Os dois primeiros dias foram dedicados à observação do local e descarga do material, o que foi feito após a saída dos barcos pesqueiros e a fim de não chamar a atenção. No terceiro dia dirigimo-nos ao local demarcado no mapa, o qual ficava na parte alta da Ilha. A caminhada levou três horas, devido ao descobrimento do terreno, às dificuldades do caminho e às inúmeras cobras que habitam na ilha. Atingindo o objetivo, tivemos uma desilusão: o ponto demarcado já tinha sido visitado há muito tempo atrás, séculos talvez. O interessante é que havia sido feita uma remoção completa das pedras numa área de uns 100m². Os dois companheiros que haviam subido comigo ficaram bastante abatidos, pois tinham esperança de encontrar um tesouro. Mesmo eu, embora admitisse esta hipótese como improvável, fiquei decepcionado. Meu objetivo principal, entretanto, era poder provar que a ágata era realmente um mapa antigo. Conseguido isso, o valor dela poderia pelo menos cobrir as despesas da expedição.

Por volta de 13 horas do dia 17, um fato estranho chamou minha atenção: os barcos pesqueiros que estavam ancorados nas proximidades da ilha, cerca de 12, começaram a levantar âncora e rumaram para a costa. Haviam recebido aviso pelo rádio que ventos muito fortes aproximavam-se rapidamente da área. Por isso saíram todos à procura de abrigo sem nos avisar. Como nosso barco não dispunha de rádio, ficamos, sem saber, à espera do vendaval que começou ao entardecer, uns 15 minutos depois de nos recolhermos ao barco.

O que se seguiu é difícil de escrever. Só escapamos graças a Deus e à habilidade do marinheiro. Segundo ele, aquela foi a maior tempestade que enfrentou nos seus 30 anos de mar. Depois de passar a noite numa luta desesperada, rumamos para Santos assim que o dia clareou. Apesar de ser longe, era o único porto que permitia a entrada do barco com o mar como estava. O barco pesqueiro chegou com avarias e a lancha, que veio no reboque, não tinha mais condições para navegar por estar com o casco estourado, motores danificados e encharcados. A lancha, que só não afundou por ter flutuadores, perdeu todo seu equipamento.

Dois dias mais tarde, refeito do que se passou, voltei a pensar na ilha. Teria que voltar para recuperar o equipamento que tínhamos deixado lá, quer na orla, quer no alto da ilha. O que pude concluir da curta estada no local demarcado no mapa (e que foi confirmado em exame posterior mais detido) foi que:
a) A remoção das pedras foi feita há muito tempo, a julgar pelo acúmulo progressivo de ganga formada na parte escavada da rocha.
b) Quem fez aquela remoção interpretou o mapa do mesmo modo que eu. É possível que tenha encontrado o que procurava, mas não sabia qual o ponto exato, a julgar pelo grande número de pedaços que removeu.
c) A partir dos novos elementos que havia colhido em minha estada na ilha, procurei tirar outras conclusões, incluindo as linhas da ágata que não se encaixavam na interpretação anterior. Com isso obtive a demarcação de dois novos locais:
- Deslocando de 7 graus a linha que indicava as pedras removidas, e distante cerca de 20 metros destas.
- Uma calota de pedra toda trincada, formando um mosaico, localizada no outro extremo da crista daquela parte da ilha.

Cinco dias mais tarde o barco pesqueiro estava novamente em ordem e retornamos à ilha. Verificamos que parte do material que havíamos deixado na orla fora arrastado pelos vagalhões de tempestade.

Durante dois dias pesquisamos os novos pontos demarcados, e o resultado foi:
a) No primeiro local encontramos três machados ou cunhas de pedra muito bem feitos, e de tamanhos diferentes. Nunca havia visto nada parecido em museus. Estavam dispostos de forma estranha e logo na superfície, confundindo-se com as pedras, de modo que se alguém fizesse uma remoção descuidada, eles seriam de início destruídos. Além disso nada mais havia que justificasse a pesquisa, pois o rádio-localizador nada detectou. Estes três machados foram os únicos objetos retirados por mim da ilha, até hoje.
b) No segundo local removemos as pedras num ponto, sem nada encontrar.

Após todas essas experiências ainda não havia atinado com o objetivo real do mapa, era fora de dúvida que a pessoa que executou o mapa na ágata era profundo conhecedor da arte de entalhar a pedra, e tinha conhecimentos de matemática e orientação. A posterior descoberta de novos detalhes na ágata levaram-me a concluir que o mapa fora executado de tal forma que qualquer pessoa na posse dele e sem conhecimento amplo do assunto, faria o que fiz. A desconfiança de que as linhas interperetadas por mim serviam apenas para disfaçar os objetivos reais do mapa, fez da ágata um desafio ainda maior para mim.

Daí pra frente, a minha dedicação à interpretação do mapa atingiu as seguintes proporções:
a) Analisava a ágata noite adentro, até que o sono me vencia.
b) Minha família regiu contra essa atitude, achando que eu estava exagerando.
c) Por falta de atendimento, minha propriedade agrícola começou a decair na parte administrativa, causando sérios prejuízos.
d) Só zalava por duas coisas: minha obrigação profissional e o mapa; no mais, nada parecia importar.

Em consequência, minha situação financeira se complicou, mas nem por isso parei. Nos decalques que fazia nas laterais da ágata, surgiam letras e números, aos quais eu não conseguia dar sentido. O mal foi que fiquei meses rodando em círculo, isto é, progredi um pouco na interpretação, porém não conseguia dar uma definição lógica aos detalhes que encontrava. Estava convicto de que um mapa como aquele teria que se basear em acidentes de terreno bem definidos. Isto se tornou idéia fixa e, como resultado, minhas conclusões acabavam sempre na mesma. Por isto dei como localizadas as áreas, faltava, entretanto, determinar o ponto exato de cada área, o que era uma necessidade, pois o aparelho rádio-localizador de metais não era confiável, uma vez que sofria a interferência de campos causados por depósitos mineralizados de excrementos de gaivotas, decompostos e infiltrados entre as pedras através do tempo.

Os decalques até então feitos tinham como objetivo achar uma indicação que complementasse os detalhes já encontrados. Acontece que um detalhe de decalque é válido quando repetido e confirmado, do contrário pode ser acaso. As linhas saiam sempre claras e positivas, mas (aí é que começou todo o drama) as letras e números eram reproduzidos apenas esporadicamente nos decalques, e não formavam sentido. Por isso supus que não entendia por se tratar de escrita antiga, em código ou língua desconhecida. Para poder estudar, entretanto, precisava de decalques bem definidos, e os que tirava eram sempre falhos em continuidade. Comecei a perceber que também se formavam figuras, e quando tentava reproduzí-las, surgia outra diferente no mesmo local. Tudo isto acabou por criar uma confusão. Sabia que havia algo errado, mas não podia atinar com a causa. Quando expliquei o problema a meus familiares, em busca de uma opinião que me ajudasse, todos acharam que se continuasse agindo como estava, acabaria precisando de um médico psiquiatra. Eu sentia que conseguiria achar um sentido em tudo aqui; era questão de tempo.

Por obrigações profissionais tive que viajar, e uma série de problemas fizeram com que deixasse a pedra por uns vinte dias. Neste período, depois de pensar muito sobre o caso, tomei a decisão de destruir tudo que havia feito e começar tudo de novo. Assim fiz, apenas conservando as seguintes conclusões básicas;
a) A ilha tinha sido depósito de haveres de uma Companhia ou Casa de muita importância na época.
b) Os haveres foram distrubuídos em mais de um lugar.
c) Havia gente culta na organização, e portanto deveriam ter sido tomados medidas de segurança bastante detalhadas.
d) Palavras positivas foram: "D. Luiz", "Casa", um "H" floreado, e números em destaque (1,2,3,4,5) em diversos pontos. Todas as outras letras, números e figuras foram desprezados.
e) As linhas do mapa permaneciam as mesmas.

Ao reiniciar os estudos, comecei analisando a ágata com lupa para achar explicação do porque da não reprodução dos decalques. Teria de esclarecer este ponto básico, pois do contrário ficaria andando em círculo. Sabia que a solução viria, era questão de tempo e persistência; o grande número de dados esparsos de repente se ajustariam e tudo ficaria claro.

Por um acaso assim foi: como estudava tarde da noite, faltou energia elétrica no momento em que percebia detalhes. Não querendo perder o fio, recorri à luz de vela, e o resultado foi como um estouro. Só à luz difusa vi claro pequenas figuras. Conforme movimentava lentamente a ágata, o deslocamento da luz incidente continuava a revelar pequenas figuras, o mesmo acontecendo ao redor da área visada. Era incrível, mas ali estava a explicação que buscava: tinha uma micro-escultura na mão e feita de tal forma que numa mesma área, conforme o sentido de observação, via-se coisa diferente. A tempos que sentia mas não podia acreditar. Nunca soube que existisse uma micro-escultura, ainda mais com as características daquela que tinha nas mãos. Esta descoberta deixou-me nem sei como, em parte aliviado da tensão em que vinha vivendo, e por outro lado preocupado; mas o importante é que tudo estava se esclarecendo.

Isto ocorreu poucos dias antes de uma nova viagem já programada à ilha, com o intuito de descansar, o que realmente estava precisando e de continuar meus estudos in loco, pois já sabia que estava enfrentando algo bem mais profundo do que avaliara, ou do que as linhas indicavam. Com a nova descoberta obtive a confirmação: As linhas tais como apareciam visíveis na ágata eram um engodo. Certo de que depois do descanso e de posse de novos conhecimentos que adquirisse na ilha poderia realizar um estudo mais perfeito, guardei a ágata e parti para a ilha com mais quatro companheiros, três dos quais já me haviam acompanhado anteriormente. A ordem era pescar e descansar.

Acampamos na orla da ilha com suprimentos para dez dias. Desde o primeiro dia comecei a ver vultos e isso me impressionou sobremaneira. Quanto mais fazia para não ver, mais via, até que comecei a ver em toda parte; para onde olhava alguma coisa eu via, mas quando me aproximava dos locais para confirmar o que havia visto, não havia nada além de pedras. Pensei que estava enlouquecendo, e já não queria mais olhar, quando descobri o elefante e pude verificar que ele fora em parte esculpido. Concentrei minha atenção sobre ele e aí percebi aquilo que jamais soube ou poderia imaginar: o elefante era uma escultura aliada com efeitos de sombra provocados pela luz do sol. Quando compreendi que tudo que havia visto era real, pois segui os mesmos príncipios, e me inteirei da dimensão da minha decoberta, tive que dar um mergulho no mar para me recompor. Como por encanto toda a tensão sumiu e fiquei contente como uma criança. Meu entusiasmo foi tal que gastei muitas fotografias inutilmente. Perdi cenas formidáveis, uma vez por ter ultrapassado o número de chapas do filme, e outra vez porque esqueci de carregar a máquina. Quando se aprende a ver, tudo é fantástico, é maravilhoso e inconcebível.

TODA A ILHA É UMA OBRA DE ARTE

As obras parecem ter vida; as imagens se alteram e se modificam com o andar do sol. É de se ficar extasiado a ponto de não sentir a vida passar, e se lamenta quando chega a noite. Nas noites de luar, porém, o que se pode ver é extraordinário. Lamentavelmente para o caso, sofri um acidente e tivemos que voltar rapidamente para Itanhaém. Depois disto, não mais me animei a voltar à ilha a fim de colher provas melhores, pelo fato de minhas idas à ilha haverem despertado muita atenção.

Sem entrar em detalhes de tudo o que se passou a seguir, passo a expor de forma resumida o que pude concluir:
a) Os "H" floreados, tanto os observados na ágata como na ilha, eram na realidade "JG", de tal forma que quando invertidos continuavam a parecer "JG". Essas letras estão em todas as obras e representam as inicias do autor.
b) Pude observar uma assinatura "JG". Percebi que as letras do G e do J eram quase idênticas.
c) As micro-esculturas da ágata e as obras da ilha foram executadas pela mesma pessoa e só um mestre do baixo-relevo seria capaz disso.
d) Esse mestre não poderia passar pela ilha sem deixar uma referência a seu respeito no mundo da arte.
e) A pesquisa sobre a identidade do autor foi iniciada baseando-se nas inicias J.G., o que indicou Jean Goujon. Posteriormente, pude ver.

A VERDADE SOBRE JEAN GOUJON

Jean Goujon: é universalmente reconhecido como maior escultor francês de baixo-relevo do século XVI. Existem ainda referências de sua pessoa como arquiteto e mestre de obras.
Origem: Data de nascimento e local desconhecidos. Supõe-se que tenha nascido na Normandia.
Carreira: Surge em 1941 e logo se torna célebre. Em 1547 passa a trabalhar para a realeza, sendo designado para participar na decoração do Louvre juntamente com outros escultores.
Importante: Após um período bastante produtivo até 1552, a evidência de uma intervenção pessoal de Jean Goujon no restante da decoração do Louvre torna-se cada vez mais rara. Pagamentos destinados a sua pessoa, porém quitados por Pierre Nanyn, são os únicos comprovantes de uma possível participação entre 1555 e 1561. Em 1562 o nome de Goujon desaparece completamente da relação de pagamentos do Louvre, admitindo-se que ele tenha fugido da França por razões político-religiosas, e que morreu posteriormente na Bologna entre 1564 e 1568. É bastante curioso que um mestre da categoria de Jean Goujon nada tenha realizado de positivo em todos esses anos. Note-se o seguinte:
a) De 1541 a 1552 ele deixou a França maravilhada com suas obras.
b) De 1552 a 1562 os estudiosos procuraram saber o que fez e só entram em controvérsias e suposições.

A razão hoje é bastante clara. A verdade: Jean Goujon talvez tenha sido contratado pelo próprio governo frances por alguma razão, não importa, fato é que veio para o Brasil, em ano que está por ser determinado, e aqui executou a maior obra de arte do mundo. Se Jean Goujon foi considerado o maior escultor de baixo-relevo da França do século XVI, pelo que fez no Brasil, na Ilha Queimada Grande, e na Ilha Queimada Pequena, possivelmente no Rio de Janeiro, e pela micro-escultura, será considerado o maior escultor de todos os séculos , assim que essas obras forem divulgadas, obras estas todas autenticadas incontestavelmente.

Aqui no Brasil, Jean Goujon apresenta uma grande evolução na arte da cultura, com a participação maior dos efeitos de sombra no baixo-relevo. Depois que se aprende a apreciar sua obra aqui, percebe-se que ele já utilizou a mesma técnica em suas obras na França. Mais, muito mais que se pode imaginar. Para maior compreensão da técnica empregada, passo a expor sobre o assunto. O que aconteceu com Jean Goujon na forma de apresentar imagem: "A compreensão da técnica empregada por Jean Goujon é importante para o reestudo de suas obras na França e é fator básico pelo qual sua grande obra no Brasil ficou séculos na ignorância. O encontro e esclarecimento da sua obra só foi possível pelo que a micro-escultura revelou".

Assim uma obra sua seria dupla: o baixo-relevo e a silhueta para ser vista na obra, esta teria que ser iluminada de certo lado (orientação) e com certo ângulo de incidência de luz, para criar sombras e estas é que deveriam ser olhadas e percebido o seu significado. Como a silhueta era despida de encanto, ela não satisfazia a um gênio criativo como Goujon, e em pouco ele aparfeiçoou a técnica e por meio de super baixos relevos conseguiu decompor a sombra criando tons de sombra, resultando em perfeitas imagens em preto e branco como é hoje uma fotografia nestas cores. É quase incrível que suas obras não tenham sido, na França, analisadas sob este aspecto extraordinário. Para mim, que só aprendi a vê-lo desde o início apresentando a imagem com efeitos de sombra, posso perceber claro em certas fotografias de suas obras que elas são duplas, com muita imagem e escrita por vez, desde que achem de que lado deve ir a luz. Aqui no Brasil sua preferência é do alto ou da esquerda, bem como, com que ângulo de incidência, pois:
a) A orientação da luz é responsável pelo sentido da formação da sombra;
b) O ângulo de incidência da luz é responsável pelo tamanho da sombra e este ele decompõe com super baixo relevos, para obter os tons que com o super baixo relevo, formam a imagem;
c) A intensidade é responsável pela nitidez.

NOVA ARTE

Nunca fui nem sou entendido em arte, mas para mim Jean Goujon criou uma nova arte onde tons de sombra completam detalhes no relevo para formar imagem; em outras palavras, sem os efeitos da sombra nada se vê a não ser o baixo relevo propriamente dito (obras na França). Nas obras realizadas no Brasil dentro desta orientação, quando o relevo não recebe luz na condições exigidas, é puro granito, é simplesmente uma pedra comum, mas quando esta pedra de aspecto comum recebe luz de posição certa, transforma-se na mais extraordinária e fantástica imagem que se pode imaginar. Algumas destas imagens chegam a causar inveja a uma fotografia em preto e branco, mesmo depois de estarem expostas à ação das intempéries por mais de quatro séculos. A fugacidade desta técnica é um dos grandes fatores do porque da ignorância de suas obras de arte até hoje.

Uma vez que se sabe, examinando a "pedra comum", descobre-se que na realidade é um super baixo relevo executado pelo Mestre Goujon. Sua rubrica, quando não seu nome completo, consta em todas as suas obras.

O PORQUE DA NÃO ACEITAÇÃO DA SUA FORMA DE APRESENTAR

Na época em que Jean Goujon descobriu a nova arte, ela chocava-se violentamente com o perfeccionismo da Renascença: tudo tinha que ser perfeito e quanto maior a riqueza de destalhes, quanto mais colorido fosse, maior era o valor da obra e o conceito do seu autor na escultura e pintura. A imagem de Jean Goujan era apresentada no plano como uma pintura, mas não possuía o colorido tão apreciado na época. Se sua forma de apresentar a imagem fosse aceita, poderíamos dizer que a arte moderna teria se iniciado com ele, quatro séculos passados. Outro grande fator, talvez o principal fato da não aceitação da forma de Jean Goujon apresentar a imagem, é que se variava uma fração do ângulo de incidência, ou a orientação, da luz, a imagem se deformava; e se a variação fosse maior, ela desaparecia completamente. É aí que Jean Goujon fez a grande descoberta.

A GRANDE DESCOBERTA DE JEAN GOUJON

Se a imagem perfeita que Jean Goujon apresentava se deformava ou desaparecia ao variar um dos fatores básicos (orientação ou ângulo de incidência da luz na obra), também lhe dava condições de criar outra imagem quase no mesmo lugar sem interferir com a anterior. As imagens poderiam ir se sucedendo conforme fossem variando os fatores básicos de iluminação. Significava que poderia criar movimento, poderia apresentar uma peça de teatro. Era como dar vida.

Jean Goujn foi o primeiro homem do mundo a criar movimento de imagens, e foi o que efetivamente fez no Brasil, obra esta que de poderá ser comprovada na Ilha Queimada Grande, Ilha Queimada Pequena, e na extraordinária micro-escultura da ágata.

EUFORIA DE JEAN GOUJON

Jean Goujon passou a criar iamgens em todos os ângulos e todos os sentidos, onde quer que tinha oportunidade. Seguindo este mesmo princípio escreveu. Acabou se defrontando, entretanto, com outro fator básico: posição do observador. Tudo o que foi dito acima é válido para uma determinda posição de observação em relação às condições de incidência de luz, e o deslocamento do observador vai deformando a imagem até seu desaparecimento completo. Assim surgiam novas possibilidades de criação, o que para Jean Goujon passou a ser motivo de brincadeira: explora as surpresas que o observador teria, vendo uma imagem e em seguida outra diferente no mesmo local. Isto parece ter influído muito em seu trabalho, pois em todas as obras há no mínimo uma duplicação, tendência que aparece até no seu nome.

Conheço o caso de uma obra que representa 5 (cinco) imagens, conforme o ângulo de observação, excluindo-se as inversões e outras fuguras que compõem o conjunto.

SEQUÊNCIA DE ACONTECIMENTOS APÓS A VINDA DE JEAN GOUJON AO BRASIL

Jean Goujon uniu-se aos franceses do Rio de Janeiro. Com o intuito de implantar a Nova Arte no Brasil, ele não executou aqui nenhum baixo relevo clássico. Auxiliado pela natureza que já lhe dava condições fantásticas, ele só teve que complementar, e foi o que fez com extraordinária habilidade. Trabalhar no alto de um penhasco não era problema, a julgar pelos lugares onde esculpiu.

Com o agravamento da situação dos franceses no Rio de Janeiro, grupos de familiares e pessoas de importância tomaram a decisão de guardar seus haveres em lugar seguro enquanto não se definia a situação. Jean Goujon foi responsável ou pelo menos teve função de destaque nessa operação. Sua participação na operação "guarda de haveres" prova ser pessoa de confiança do governo, o que colabora com a possibilidade de Jean Goujon ter vindo contratado.

O local escolhido para a guarda de haveres foi a Ilha Queimada Grande. A Ilha é de fato um lugar seguro, de fácil defesa considerando a época, e bastante afastada do litoral para que seus habitantes não fossem importunados. Embora a orla do litoral fosse habitada por índios, os franceses inteligentemente desenvolveram uma política de amizade com eles, para poder se fixar e dominá-los. Além disso a Ilha era grande para a finalidade pequena no sentido de não despertar atenção.

Pelo trabalho fantástico executado na Ilha, os franceses devem ter contado com ajuda de índios e escravos. A maioria das pedras da orla da ilha foi movimentada de forma a criar defesa e dificultar qualquer desembarque. A ilha tornou-se um forte secreto. Jean Goujon distribuiu por ela os haveres dos franceses por famiília e por grupos; a cada um correspondia uma área da ilha.

Para identificar os locais, Jean Goujon escreveu e esculpiu na Nova Arte, apresentando o chefe da família e seus componentes. Nas áreas de cada grupo, identificou o cabeça e cada participante, descriminando a parte de cada um. É possível que para cada um deles, ele tenha emitido um mapa independente, o qual daria explicação para muita coisa. Por tudo concluiu-se que foi realmente uma operação de vulto.

Jean Goujon ficou na ilha com o intuito de demarcar os locais de depósito de haveres e acabou por transformá-la no maior conjunto de arte do mundo. Guardou seus haveres de tal forma que somente se inteirando da Nova Arte as pessoas teriam condições de encontrá-los. É pouco provável que tenha sido esta a intenção inicial mas terminou sendo: "ou voce me entende ou nunca encontrará o que procura". Prova é que se executou uma micro-escultura na qual conta tudo, obrigando a pessoa a introduzir-se na arte; além disso a micro-escultura parece um testamento, pois identifica e especifica a parte de cada um. Para dar uma idéia das cenas fixadas na ágata a respeito, descrevo uma sequência que pude observar:
a) surge uma pessoa do fundo de uma caverna e, ao sair levanta as mãos num gesto como quem diz: "não há nada".
Algumas pessoas de idade mostram-se surpresas, e da primeira cresce o nariz que vai até o chão. Estas pessoas bradam revoltadas contra uma figura que surge na lateral da caverna, estendendo a mão e apontando para um lugar fora da mesma. Aparece um buraco cavado no chão com uma pessoa dentro dele abrindo um cofre e fazendo com isso vibrar o grupo de alegria.
b) Aparecem quatro pessoas engatinhando por uma falha de rocha de forma côncova (esta formação rochosa existe na parte alta da Ilha). Saem num salão e ficam deslumbradas.
c) Dois jovens namoram, observados por dois velhos escondidos entre as pedras no alto. Estes expulsam o jovem e castigam a moça.
d) Uma figura de destaque abre a boca, a qual se transforma numa boca de caverna, donde saiu um jovem. Ele junta-se a uma moça e forma-se um cortejo seguido por criados carregando presentes.

Na Ilha Jean Goujon executou obras de: defesa, superbaixo-relevo, sobreposição de imagens, baixo relevo rústico, concentração de pontos para serem vistos à distância, escreveu por toda parte e praticou a micro-escultura em diversos pontos.

Deixando de lado a arte e os haveres, a Ilha é um grande acervo inexplorado, de um período de nossa história, um acervo virgem conservado através de séculos pelo tabu: a jararaca-ilhoa, que impediu que fosse habitada e tem mantido as pessoas afastadas.

O PORQUE DO DESCONHECIMENTO ATRAVÉS DE QUATRO SÉCULOS

a) Um dos grandes fatores é a fugacidade. A imagem aparece e desaparece, a gente vê e não vê. Os que vão ao local porque viram alguma coisa só vêem pedra nua e fria, longe de imaginar estarem diante de um "super baixo-relevo" - coisa que nunca existiu e ninguém de sã consciência iria imaginar sua existência numa ilha isolada e deserta.
b) Há uma grande série de obras que podem ser vistas a qualquer hora de um certo ponto, mas que com o deslocamento do observador elas se modificam ou desaparecem. Neste gênero há o caso das que são formadas pela superposição de pedras em declive ou no plano; neste caso, cada pedra é um componente da figura, de forma que isoladamente nada significam. Assim, qualquer pessoa que tenha percebido de repente ao passar pela linha de visão deixa de ver ao ultrapassá-la, e sente como se tivesse tido uma visão. Esta condição é muito comum e há outras ainda que dependem dessa condição e mais da posição do sol para os devidos contrastes de tons de sombra para complementar a imagem.
c) A maioria das obras no entanto são baixos relevos, dependendo sempre para serem vistos da posição do observador e da posição do sol. Estando o observador no ponto certo à medida que o sol se desloca, a imagem vai se formando até tornar-se nítida, desfazendo-se em seguida. Muitas vezes transformando-se em outra, pelo mesmo princípio. Qualquer pessoa que se desloque para o ponto onde viu a figura, chegando lá nada vê, pois o baixo relevo é tão baixo que se confunde com a superfície da pedra.
d) Há um bom número de obras que são para serem vistas à distância. O contorno e detalhes, são pontos espaçados de maior realce que se unem formando a imagem, à uma certa distância, sob um certo ângulo de observação, e uma certa condição de luz. Qualquer pessoa que tenha visto a imagem, nada verá se for ao local ou se usar binóculos, pois é preciso concentrar os pontos e não afastá-los.
e) Quatrocentos anos de exposição às intempéries e à maresia empanaram muito, especialmente a escrita, porém como todas as obras são em granito, suportaram o tempo admiravelmente bem.
f) Não houve nenhuma divulgação por parte dos franceses dessa obra por ser de conhecimento de poucos, uma vez que a Ilha era também depósito de seus haveres.
g) Jean Goujoun ficou na ilha até o úlitmo de seus dias por ter se apaixonado pela própria obra, a qual é realmente fantástica.
h) Jean Goujon pretendia divulgar sua obra através de micro escultura, ma ela ficou perdida por 400 anos.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

a) A micro escultura foi encontrada no cascalho retirado no Rio Branco no Município de Itanhaém. Este rio era antigamente a via de comunicação dessa região com o planalto, o que sugere ter ocorrido acidente como o portador da micro escultura.
b) O elevadíssimo número de trabalhos aonde há um ambiente de vida faz supor que Jean Goujon apaixonou-se pela obra e foi fazendo mais até o fim de sua vida.
c) É quase certo que esteja enterrado na Ilha Queimada Grande.
d) Por tudo que há de feito na ilha, quer na orla, quer no interior, ela foi habitada por muitos anos, e isto não seria possível se houvessem na época cobras como existem hoje. Faz supor, e tem lógica tal suposição, que as cobras foram postas na ilha após a morte de Jean Goujan ou a sua saída, com o intuito de serem guardiãs de seu túmulo, ou de seus haveres e de suas obras. Elas cumpriram a missão. E é uma explicação para a Jararaca Ilhoa. A Jararaca, cobra muito comum até hoje no litoral de Itanhaém, foi levada para a Ilha e o cruzamento em confinamento permanente de 400 anos originou a Jararaca Ilhoa;
e) Pode-se concluir da micro escultura que a ilha é até hoje depositária de pelo menos parte dos haveres dos franceses daquela época, quando não, no mínimo dos de Jean Goujon. Só por isso vale uma pesquisa, senão pelo que tem de descrito, o que deve contar de toda a história.
f) A Ilha Queimada Pequena está a sudoeste e a meio caminho da Ilha Queimada Grande e tem um belo trabalho de Jean Goujon na sua face sul.
g)A Ilha Queimada Grande serve normalmente durante o dia de abrigo para descanso dos pescadores que atuam nas proximidades. Estes são de todas as nacionalidades e inconscientemente vêm fazendo uma destruição lenta, pois retiram pedras para servirem aos seus botes.
h) Devido à presença constante de barcos pesqueiros, sendo que uma obra de arte para a maioria de seus tripulantes tem pouco valor, uma divulgação sem as devidas medidas protetoras ocasionaria sem dúvida, uma destruição criminosa, na ânsia de encontrar um possível tesouro.
i) Trabalho a ser efetuado: levantamento cinematográfico completo das obras e da escrita, pesquisa na ilha, organizada e consciente e levantamento completo da micro escultura para orientar a pesquisa.
j) O importante é formar uma equipe honesta e consciente, pois não há razão nenhuma de se deixar levar pela imaginação fantasiosa: tudo está claro e positivo, sendo necessário aprender e compreender Jean Goujon.
k) Há muito que fazer na Ilha Queimada Grande, menos na Ilha Queimada Pequena.


Fonte: "Fortitificação da França Antártica no Litoral Paulista?
Editora Perspectiva Regionalista - 1975

 


 
 
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