Emygdio Emiliano de Souza
 

Sua Vida de 1867 a 1915

Emídio de Souza, como era mais conhecido pelo povo, foi o primeiro pintor primitivista do Brasil, assim reconhecido pelo grande pintor Alfredo Volpi nos idos de 1938 e confirmado em meados da década de 40, quando expôs suas obras na Galeria Domus na capital de São Paulo. Além de pintor, era poeta, contista, folclorista, músico, professor e teatrólogo.

Tudo começou no dia 21/05/1867 quando nasceu em Itanhaém. Era um típico caiçarinha de pele bronzeada. Desde garoto observava Benedito Calixto pintar e foi se apaixonando pela arte da pintura. Em maio de 1888, aos 21 anos de idade, Emídio foi para Santos a fim de auxiliar Calixto nas obras de pintura e decoração para os festejos comemorativos da promulgação da Lei Áurea.

Além desse episódio, Emídio auxiliou muito Calixto nos vários trabalhos posteriores de pintura e, em contrapartida, Calixto lhe ensinava os segredos da arte do pincel. Em 23/06/1893, pinta um belíssimo quadro da Praça da Matriz de Peruíbe.

Emídio de Souza o Autodidata

O que desejamos demonstrar até agora, é o espírito inerente daquele caiçara que há 80 anos atrás, na pequeníssima e pobre Itanhaém, já se preocupava com a arte e a cultura de nosso povo.

Em 1915 foi Secretário da Câmara e em 1916 foi nomeado chefe da Ferroviária de Peruíbe (na época pertencente a Itanhaém). Em 1924 pediu demissão do importante cargo de Chefe de Estação e voltou para o centro de Itanhaém, a fim de se dedicar a sua paixão, a pintura.

Sua filha Clarice de Souza Mariano, nascida em 1903, contou-nos que nos anos de 1919, 20 e 21, seu pai escreveu e encenou diversas peças teatrais no Gabinete de Leitura, sendo ela uma das atrizes.

Voltando à pintura, um fato importante é que Emídio não quis seguir o estilo clássico de seu mestre Calixto, preferindo ficar alheio às escolas, influências e estilos de pintura da época criando o seu próprio estilo ingênuo, poético e puro, com um delicado sabor das coisas simples de Itanhaém. Daí é que veio sua genialidade, reconhecida pelos meios intelectuais e artísticos do final das décadas de 30 e 40, onde, pela primeira vez deram significativa importância à arte popular (primitivismo), no panorama artístico nacional.

Emídio Escritor Floclorista e Músico

Outra faceta desse grande artista foi seu veio literário. Ele aprendeu a ler e escrever sem frequentar escola e deixou-nos cerca de 21 contos folclóricos denominados "Contos da Roça" publicados no jornal Correio do Litoral no decorrer de 1915.

Escreveu também, em elegante manuscrito com o título "O Marquêz de Carabás", com diversas ilustrações coloridas. É uma raridade, preciosidade que se encontra com sua neta, residente em Itanhaém.

Quanto à música, Emídio compôs várias nos anos de 1938/39.

Quando afirmamos que Emídio era um folclorista, nada mais correto, pois em suas músicas, contos e pinturas, sempre retratou os costumes, as festas e a vida dos caiçaras, em resumo, retratou, sempre, a ALMA de Itanhaém da primeira metade do século XX.

As Imagens Enterradas

Conforme relata Frei Basílio Rower no seu livro "Páginas da História Franciscana no Brasil": no tempo de Frei Venâncio Both (1941), foram achadas diversas imagens pertencentes ao Convento de Itanhaém. "Soube-se pelo senhor Emídio de Souza, que um dos antigos vigários tinha enterrado diversas imagens sacras do Convento, atrás da Igreja Matriz. A busca teve êxito, pois desenterraram-se 5 imagens de barro cozido: Nossa Senhora da Conceição, São Francisco de Assis, Santa Clara, São Domingos e São Gonçalo. Verificou-se que cabiam perfeitamente nos nichos que ainda existem nas ruínas do Convento".

Em 19-09-1949, aos 82 anos falece em Santos.

Fonte: "Itanhaém História & Estórias (José Carlos Só)


 
 
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