Cai
a tarde outonal. Desce da altura
Um poema de luz emocional
Como se mãos, ungidas de ternura,
Sacudissem, no céu um roseiral...
Rolam ondar em súplicas divinas
E nesse vai e vem, nessa monotonia,
Perpassam sonhos e sutis surdinas
Que outrora ouvi na extrema unção do dia
E na praia, perdida na distância,
Eram sombras, tão meigas prara mim,
Da sedutora a cainhosa infância
Modelada em prazer tupiniquim...
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Giuvúra, Itapoá,
Itapévinha
Inventivando o mar em sua nudez;
O Pontal, a Salina, a Fazendinha;
Na cruz do Boqueirão certa vêz...
Um tié e um sanhaço bodoquei...
Aquele vulto, além, é o abricoeiro
Guardando as emoções as quais passei
Pelo barranco do Jundú fronteiro...
Cai a tarde outonal. A luz desmaia
Vão e vêm as lembranças, uma a uma
Soluça o mar e na extenção da praia
Deslizam ondas, lágrimas de espuma...
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