Cai
sobre o mar a paz da tarde quieta
e o mar tornou-se bom, sem queixa alguma
debulhando seus sonhos de poeta
no extenso malmequer feito de espuma!...
Mal-me-quer?!... Bem-me-quer?!... rolam ondas
e a essa inquirição, terna e amorosa,
tu não respondes mas rezas: As tuas preces
tremem pelos sendais o amôr discreto!...
Há milênios, talvez, essa tortura:
O mar a desejar sem alcançar-te;
E tú a te esconderes pela altura
e na fímbrias das nuvens disfarçar-te
Mas tú sofres, também, tú sofres tanto
que a tristeza em tua face retrata
e por muito que finjas, o teu pranto
despeja-se com lágrimas de prata...
Caindo sobre o mar na tarde quieta
Para o mar versejar, sem queixa alguma
debulhando sua glória de poeta
numa interrogação feita de espuma!... |