FAMÍLIA ZWARG BRASIL

O Litoral Sul em 1920

Nota: Texto transcrito conforme o original

"A cidade de Santos é naturalmente o ponto de partida para todas as comunicações, com a costa maritima e com o interior, não só pela sua posição como também pelo magnífico porto e pela grande rêde férrea que ahi tem origem.

Ella é a cidade mais importante do nosso litoral e a qual tem diante de si um horizonte vasto, de vida e de progresso, por ser o escoadouro mais natural e melhor para os productos de uma grande parte do Sul do Brazil e o porto por onde se ha de fazer a importação de tudo que precisar do estrangeiro, este grande pedaço do nosso Paiz.

Já é uma das praças commerciaes mais importantes da América do Sul, tal é o valor de suas transacções e o movimento, sempre crescente, do porto.

Não podemos considerar os ultimos annos para aquilatar da sua importancia, por causa da guerra, que reduzio extraordinariamente a navegação e tudo desorganizou.

Até bem pouco tempo, todo o commercio de Santos trabalhava quasi que exclusivamente com o café; pois esta cidade é o maior entreposto mundial deste producto.

Hoje, o Estado não vive só do café pois a polycultura e a pecuaria desenvolveram-se rapidamente, seguindo a industria a mesma marcha ascendente, collocando-nos em uma posição solida e de real valôr.

O Governo do Estado e a camara municipal de Santos têm sabido comprehender o que é, o que vale e o que ha de ser esta cidade, para dotal-a com uma serie harmonica e completa de melhoramentos que visam exclusivamente a sua prosperidade e a sua grandeza.

A hygiene e a engenharia têm ahi um dos seus triumphos mais perfeitos e completos com os magnificos e modelares trabalhos que executaram, de um modo digno de especial menção.

Santos hoje é uma cidade modelar sob qualquer ponto, que queiramos observal-a.

 
Av. Ana Costa - Santos
 
Av. Conselheiro Nébias - Santos
Praia do José Menino e Ilha Urubuqueçaba - Santos
Pescaria com Arrastão - Santos

Ha pouco tempo ella estava ligada, ao interior, quasi que exclusivamente pela E. F. Ingleza, esse arrojo da engenharia que vence as quebradas da Serra do Mar, com grande segurança e com um trafico intenso, por ser o tronco da grande rêde ferrea do Estado, porem agora tem mais a E. F. do Juquiá, que visa ligar-se com as linhas do Estado do Paraná, pondo-a em communicação com o Sul do paiz e passando pelo fertil e quasi despovoado valle do rio Ribeira de Iguape, que será um dos mais fartos celleiros.

Com grande parte da região, servida pela E. F. do Juquiá, está em communicação por meio da bella e magestosa ponte pensil ligando a ilha com o continente e com o planalto, por meio da velha estrada Vergueiro, toda restaurada e macadamisada, destinada a automoveis, a qual acompanha a E. F. Ingleza, até a estação do Cubatão e ahi toma á esquerda em demanda da Serra do Mar, que procura subir, por meio de um traçado caprichoso e offerecendo empolgantes panoramas.

A rampa é forte e as curvas são muito apertadas de modo que as paizagens mudam-se de instante a instante, proporcionando-nos pontos de vista lindissimos, onde a natureza tropical apresenta toda a sua exhuberancia e a cordilheira do mar toda a sua aspereza e magestade.

Toda a serra é bellisima, porem do meio para cima não ha um so trecho, que não nos faça encher de admiração e de pavor: são os abysmos escuros, os desfiladeiros extensos e os penhascos medonhos, que se succedem quasi que ininterruptamente.

Caminho do Mar: antiga ligação entre a Capital e Baixada Santista

Derivando dos grotões cobertos de espessa e robusta vegetação, encontra-se, de vez em quando, ao lado da estrada um filete d'agua crystallina e pura, quasi gelada, ladeado de avencas delicadas e de begonias mimosas, correndo rapidamente e precipitando-se logo no meio de rochedos vertiginosos, que desapparecem no meio da floresta secular.

Ao longe, divisa-se o Oceano, na sua grandeza, coberto de azul de turqueza, ladeado pela baixada do Cubatão, cortada de canaes e rios, salpicada de casinhas alvas e com um outro monte isolado; fazendo forte contraste com o alcantinado da serrania que se extende, a perder de vista.

Quando vemos este quadro amplo, maravilhoso e indiscriptivel temos a impressão que o contemplamos de um aeroplano collocado á grande altura.

As praias existentes nas proximidades de Santos são de extraordinaria belleza, atrahindo para lá, no inverno muitas familias de S. Paulo, que vão concorrer para augmentar a animação e o encanto existente.

Na parte Oeste da ilha acha-se a cidade de S. Vicente, pequena e modesta, guardando a tradição da nossa nacionalidade e onde vamos encontrar proximo ao mar, talvez o unico monumento commemorativo do descobrimento do Brazil.

Monumento do 4º Centenário do Descobrimento do Brasil
São Vicente
São Vicente
Praia de Itararé

Lá existe, na praça 13 de Maio, singelo e suggestivo, com 12 metros de altura, situado em frente á barra, determinando o logar em que desembarcou Martim Affonso de Sousa.

Foi inaugurado, á 23 de Abril de 1900, por occasião da commemoração do IV centenario do descobrimento do Brazil.

As duas faces do monumento voltadas para o Norte e para o Sul commemoram a fundação de S. Vicente, primeira capitania regular que se estabeleceu no Brazil e as de Éste e Oeste o descobrimento do Brazil com inscripções e escudos allusivos, tendo no centro o brazão d'armas de Pedro Alvares Cabral.

No segundo plano, vê-se o escudo com o brazão e armas de Martim Affonso de Sousa, tendo por timbre o Leão Rompente; e no terceiro plano, um medalhão com a cruz da Ordem de Christo, circundado por esta divisa - Deus, Patria e Liberdade - Terra de Vera Cruz.

O monumento é coroado pela esphera armillar de D. Manoel.

Em alguns escudos e placas, estão os nomes dos principaes descobridores e chefes indigenas, bem assim dos primeiros missionarios que aportaram nestas plagas, lançando o germen da civilisação e defendendo a integridade da colonia fundada por Martim Affonso.

Ao lado da praça, em que esta o monumento, proximo á montanha, encontram-se ainda alguns restos de alicerces do collegio dos padres jesuitas, fundado nesta capitania.

Na mesma montanha, proximo ao monumento, um pouco acima do logar em que foi estabelecido o collegio, existe ainda bem conservada a fonte, a qual abastecia o mesmo collegio.

Esta velha fonte, ainda hoje, é conhecida, como o nome de "Bica dos Padres".

A casa onde funcciona a municipalidade de S. Vicente, foi reconstruida em 1729, bem assim, a Igreja Matriz em 1757; no mesmo logar em que existio a primitiva, desta segunda povoação.

Tudo isto é digno de observação e até de uma cuidadosa conservação.

Ponte Pensil
Construção da Ponte Pensil

Deixando a ilha e atravessando a ponte pensil nos conduzimos para a Praia Grande, uma das mais extensas e largas que conhecemos; pois tem 44 kilometros de extensão, fazendo uma curva, quasi imperceptivel, onde a areia está quasi sempre humedecida, tornando-se por isso lisa e dura, offerencendo um caminho explendido para automoveis e constituindo um optimo passeio.

Quasi no meio da Praia Grande e a Serra do Mar atira um ingreme contraforte que vae até bem perto do Oceano, com o nome de serra de Mongaguá, que é divisora entre as aguas dos rios Cubatão e Itanhaen.

Ponte sobre o Rio Mongaguá - E. F. Juquiá

Continuando pela ampla Praia Grande avista-se, do lado de terra, uma mancha branca elevada que depois vae-se ampliando até nos mostrar em seus detalhes, sobre um outeiro de granito o vetusto Convento de Itanhaen, construido em 1534 e que é um dos mais antigos templos que possuimos. Singelo em suas linhas mostra-nos bem o que era a architetura, na epocha colonial e por isso mesmo devia ter uma melhor conservação e merecia que os poderes publicos tomassem-no sob sua protecçao, pois elle pela sua posição dominante e pela tradição que encerra, é por si só um monumento que evoca os feitos dos nossos maiores, na aurora da nossa existencia.

Convento de Itanhaen

No limiar da longa escadaria, que conduz ao convento, existe uma curiosa cruz de pedra quasi toda redeada de bancos, também de pedra e que é bem digna de figurar naquelle logar, estabelecendo um conjuncto harmonico.

Entre o outeiro do convento e o Oceano, sobre uma esplanada, está a pequena cidade de Itanhaen, um dos mais antigos nucleos de povoação do Estado e que representou papel saliente, no periodo colonial.

Vista Geral de Itanhaen

Ao lado da cidade tem sua barra no Oceano o rio Itanhaen formado pelos rios Branco e Preto, que tem como principaes affluentes os rios Aguapehú, Mambuhú ou Mambú, Taquarú, Itariru e Crasto.

Ponte de Ferro da E. F. Juquiá - Itanhaen
Rio Itanhaen e ponte da E. F. Juquiá
Travessia em canôas no Rio Itanhaen

O valle do rio Itanhaen é muito extenso, é o segundo em importancia do littoral e suas terras são muito ferteis.

Nas cabeceiras do rio Branco, em terras devolutas, o Estado possue explendidas cachoeiras, que certamente, em breve, servirão para vir prestar o seu contingente de auxilio ás industrias, na propria Capital.

Atravessando-se as aguas tranquilas do rio Itanhaen, que mais parecem as de um lago, onde se espalha uma paizagem muito bella, encontramos á poucos passos da margem, duas praias pequenas, cada qual mais linda, cobertas de delicadas conchas, e que formam um dos recantos mais apraziveis com que fomos dotados pela natureza.

No fim da segunda prainha está o morro Paranabuca, em cuja extremidade occidental encontra-se o chamado poço de Anchieta, cuja lenda é original, alem de outras que tambem se referem á esse padre.

A Serra do Mar, depois que fronteia as cabeceiras do rio Itanhaen, vae se affastando cada vez mais do littoral para dar logar ao extenso valle do rio Ribeira de Iguape, e naquella região, tem alguns contrafortes de importancia com que são conhecidos pelos nomes de serra Taguassetuba, do Bananal, das Larangeiras etc.

Aqui, ainda encontram-se algumas familias de indios guaranys semi-civilisados, principalmente no rio Itarirú e no ribeirão do Roque, nome talvez tirado de um chefe indigena que ahi teve a sua "oca" e onde ainda existe um trilho subindo a Serra, conhecido por caminho do Indio Roque.

O Rio Paraná Mirim é o que tem o curso mais caprichoso, em toda a nossa costa.

A pesca constitue a maior industria em toda essa zona e é feita em grande escala, por causa da proximidade em que se acha do grande centro de consumo e de exportação, que os pescadores encontram em Santos, para onde o transporte está se tornando cada vez mais facil.

 
Nas margens do rio dos Prados encontra-se a antiga aldeia de São João Batista e ahi perto as ruinas da velha igreja chamada do Abarebebê, da qual so existe a tradição e alguns pedaços das muralhas das paredes.

Não comprehendemos, como se deixa acabar verdadeiras reliquias, maxime tratando-se de templos religiosos que foram construidos em uma epocha tão notavel e que a sua conservação seria ao menos uma homenagem aos seus constructores, cujos nomes fulguram nas paginas de nossa historia patria.

Em frente, no Oceano, acha-se as ilhas Queimada Grande e Pequena.

No extremo da extensa praia de Peruhybe existe o povoado do mesmo nome.

Ella é semelhante a Praia Grande e constitue tambem uma excellente via de communicação, pois é uma magnifica estrada natural com 25 kilometros de extensão e quasi recta.

Entre o povoado e o morro de Peruhybe está o rio que tambem tem este nome, formado pelos rios Preto e Branco.

Barra do Rio Peruhybe

A E. F. do Juquiá, segue o curso deste rio quando deixa o litoral e vae procurar as aguas do valle da Ribeira, de Iguape, atravessando a garganta, que prende a Serra dos Itatins á cordilheira do mar, porque ella é uma serra inteiramente separada do grande massiço e de uma feição muito original, por causa dos seus pontos culminantes attingirem á elevadas alturas, como o Dedo de Deus á 1300 metros e o Tres Pontas á 1350, além de outros de menor importancia que, vistos do Oceano são de um bello efeito e movimentam muito a paizagem.

Deixando o rio Peruhybe e continuando pela costa encontra-se o rio Guarahú e depois deste a grande montanha, conhecida pelos nomes de morros de Ytú e do Maceno, que contraverte para o rio Una do Prelado.

Morros de Itú e Fazenda - Guarahú

Esta região constituio um refugio dos indios no tempo em que os lusitanos entregavam-se ao seu commercio, pois a natureza do terreno lhes era muito favoravel para a defesa contra os invasores, que no geral entravam pelo littoral.

Contam que foi ahi que o celebre negociante e caçador de indios Pedro Corrêa, deixou esse infamante trafico devido ás ponderações de um padre jesuita Leonardo Nunes, fazendo-se tambem filho da igreja e mais tarde tornando-se um dos maiores defensores dos indios.

Este bello episodio da nossa vida colonial inspirou o artista patricio Benedicto Calixto, filho glorioso daquella zona, a produzir um dos seus bons trabalhos, na matriz de Santa Cecilia, nesta Capital.

O rio Una é muito extenso e contorna a Serra da Juréa, offerecendo bôa navegação para canôas e por isso ligaram-no, por meio de um canal, ao rio Suá Mirim que vae desaguar no Ribeira de Iguape, perto da sua foz, de modo á faciliar a navegação, em uma grande extensão, do mesmo modo ligaram-no com o rio Aguapehú, affluente do rio das Pedras.

O seu principal affluente é o rio Cacanduva, que nasce na Serra dos Itatins.

Na extremidade da praia da Juréa encontra-se a barra do rio Ribeira de Iguape, cujo levantamento já fizemos e publicamos em relatorio, menos a parte que diz respeito aos seus importantes affluentes Una da Aldeia e Peropava, que fizemos nesta tarefa, e que é uma da mais ricas e de mais importancia, tratando-se da cultura do arroz, onde, é quasi que exclusivamente a lavoura que ahi fazem, com grande facilidade e vantajoso lucro.

O Ribeira e quasi todos os seus affluentes offerecem bôas condições de navegabilidade, precisando de alguns pequenos melhoramentos, para facilitar o serviço de navegação á vapor, que ahi se faz, com subvenção do Estado.

A abertura de alguns canaes, o alargamento de alguns trechos de pequenos rios e a sua conservação, feito de accordo com um plano bem estudado, seria de extraordinaria vantagem, porque viria fazer a drenagem, melhorar as condições hygienicas, valorizar as terras, intensificar as culturas em tão fecundo solo e facilitar as communicações.

Antigamente as communicações com a cidade de Iguape faziam-se pela barra de Icapara, porém á proporção que o chamado valle grande foi se alargando e o Ribeira escoando suas aguas por elle a barra foi se intupindo cada vez mais e difficultando, agora, por completo a navegação.

Chama rio Pequeno a um verdadeiro canal natural, ligando as aguas do rio Peropava com as do rio Una da Aldeia.

Recebe em seu curso alguns pequenos affluentes, tem muitos moradores em suas margens e presta bom serviço ás communicações, feitas em canoas e ao transporte dos productos.

Uma de suas cabeceiras é o rio Guaviruva, que approxima-se por tal forma do rio Ribeira, no porto Cabral, que com um canal de 250 metros de extensão pode se fazer o rio Ribeira mudar o seu curso para o do Peropava, o que seria uma solução á estudar para libertar a cidade de Iguape das erosões do Vallo Grande e do encontro das aguas, na barra de Icapara, dando formação á bancos de areia, alguns movediços.

Assim, o Peropava despejaria suas aguas, bem accrescidas de volume, no rio Ribeira, proximo á barra deste no Oceano e deste modo evitaria que a acção da maré se fizesse sentir nessa zona, estragando muitos terrenos, que estão se tornando salgados e improprios para a lavoura.

Estudado convenientemente este problema complexo, talvez seja elle a salvação de Iguape e o meio de restabelecer-se a navegação, pela barra de Icapara com os navios que fazem a cabotagem.

Iguape, a antiga villa de Nossa Senhora das Neves e depois Bom Jesus de Iguape, é uma das cidades mais importantes do littoral e o grande emporio do arroz, pois ahi é beneficiado a maior parte, ou quasi a totalidade, do que é produzido em seu extenso municipio, um dos maiores do Estado.

Ultimamente, augmentaram muito esta cultura de modo que attrahio para lá algum capital e agora está sendo muito procurado, pelos japonezes que estão se localisando no Registro e ao longo da E. F. do Juquiá.

A barra de Icapara, é a entrada para o Mar Pequeno, verdadeiro canal que vae até Cananéa, formando a ilha Comprida com 61 kilometros de extensão e 3,5 de largura em média, tendo de original o rio Cadanpuhy, que atravessa-a, de um extremo á outro e um logar chamado Villa Nova, onde o Tenente Coronel Affonso Botelho de Sampaio e Souza, tentou fundar uma povoação, em 1767, por ordem do Governador de São Paulo, que tinha resolvido augmentar, no littoral, o numero de povoações.

O Tenente Coronel escolheu o sitio, no dia 7 de janeiro de 1767 e cuidou de fundar a aldêa e a 1º de Agosto de 1770 foi elevada á villa.

Deram-lhe o nome de "Villa de Nossa Senhora da Conceição da Marinha" e cuidaram de demarcar as suas divisas.

A posição escolhida não foi bôa por isso a povoação não properou e extinguio-se.

Em 1779, o Governo mandou recolher os livros á Camara de Iguape e as alfaias da Egreja de Nossa Senhora da Conceição á Egreja de Nossa Senhora das Neves de Iguape.

Do porto de Sabauna parte a estrada para a colonia do Pariquera e Jacupiranga, servindo á uma parte muito bôa do municipio de Iguape e onde o Governo do Estado, ha muitos annos, procura fixar o trabalhador europêo.

O Mar Pequeno offerece magnificas condições de navegabilidade e uma bôa direcção geral, tendo algumas ilhas como as chamadas Grande, Garça e de Cananéa, que é a maior de todas e onde encontra-se a cidade desse nome, proximo a bahia de Trapandé, em uma bella posição, offerencendo um aspecto muito agradavel, vista do mar.

Cananéa

Cananéa foi o segundo ponto do littoral paulista onde aportaram os navegantes portuguezes, em 1501.

Ahi foi degradado o "bacharel" que captou a sympathia dos indios e viveu muitos annos, tornando-se grande conhecedor do littoral.

Uma das primeiras tentativas para o conhecimento do interior do paiz teve sua origem em Cananéa, pois foi de lá que partio Pero Lobo, na direcção de Oeste com o auxilio de aventureiros, que viviam naquelle logar. Essa expedição não alcançou exito e della nunca se conseguio uma informação verdadeira.

O porto de Cananéa é de muito futuro, apesar de ser um pouco rasa a entrada da barra, obrigando os navios que para ahi se destinam a esperarem pela maré alta, ao lado da ilha do Bom Abrigo; porem isto pouco importa, uma vez que o desenvolvimento do Estado exija a construcção de um novo porto, para facilitar o escoamento de seus productos.

Naturalmente denominaram a ilha que existe, quasi em frente á entrada da barra de Cananéa, de Bom Abrigo, porque quando navega-se para o Sul, com o mar agitado e se approxima della, nota-se uma grande differença, parece que se vae entrando em um porto bem abrigado, tal é a proteção que offerece contra os temporaes, e o ancoradouro esplendido que ahi existe, facilitando muito as communicações com Cananéa.

Proximo á barra de Cananéa encontra-se a bahia de Trapandé, bastante ampla e profunda, tendo á esquerda a grande ilha do Cardoso, uma das maiores que temos.

Ilha do Cardoso

Entre esta ilha e o continente existe o canal de Ararapira, que vai ter ao Oceano pouco além do povoado deste nome, o ultimo que temos na Costa do Sul.

Ararapira é districto de paz e acha-se situada na margem direita do rio Varadouro de Cima, o qual acha-se ligado á bahia de Parananaguá pelo pequeno canal conhecido por Estrada do Varadouro e por onde atravessam canôas com certa facilidade.

Porto de Ararapira

A abertura de um verdadeiro canal, largo e profundo, neste logar viria facilitar muito a navegação no Sul do Estado e valorizar muito uma grande zona.

Iguape poderia ficar em facil communicação com Cananéa, Ararapira, Guarakessaba, Antonina e Paranaguá."

 

João P. Cardoso - Chefe da Comissão

Fonte: Commissão Geographica e Geologica do Estado de São Paulo
(Exploração do Littoral - 1920)


Colaboração: Haroldo de Souza, residente em Suarão, Itanhaém/SP


 
 
PÁGINA
INICIAL
FALE
CONOSCO
É  ZWARG ?
CADASTRE-SE
MÚSICAS DO
LITORAL
LITORAL SUL
EM 1920
ITANHAEN
ANTIGA
FAMÍLIA
MUSICAL
ARTIGOS
AMBIENTAIS