Prezado Senhor, Ambientalista
Ernesto
Zwarg
Tenho
acompanhado, o trabalho de ecologistas, em defesa da Juréia.
Li a reportagem que saiu na revista Planeta, bem como outros artigos
que sairam em jornal.
Agora,
no Jornal da Cidade, da Grande São Paulo, 2a. quinzena
de junho/88, li a reportagem "Ecologistas vão demarcar
trilhas dentro da Juréia"
Além
do meu interesse pessoal pela preservação do nosso
meio ambiente, e de uma atração especial pela Juréia,
atração essa infindável, existe um outro
motivo, o principal, pelo qual estou lhe escrevendo agora.
Meu
avô Benedito Ribeiro Garcez, 91 anos, com pleno gozo de
suas capacidades físicas, mentais e de memória,
em sua mocidade, no início desse século residindo
na região da Juréia, percorria o "Caminho do
Correio do Imperador". Sua família dedicava-se à
agricultura. Quando não havia trabalho nessa área,
ele e os outros jovens iam para Peruíbe e Itanhaém
(Conceição de Itanhaém, como ele fala) em
busca de serviço remunerado, que pudesse suprir suas necessidades,
até a época em que o trabalho na roça voltasse
a render novamente e é claro que essas viagens eram feitas
à pé, pelas praias, onde dormiam ao relento e pela
trilha do Correio.
Conta
ele que os funcionários do Correio também iam à
pé, carregando pesadas malas com correspondências
e encomendas.
Meu
avô que tem excelente memória, conta tudo isso com
riqueza de detalhes. Atualmente ele reside na cidade de Buri,
estado de São Paulo, vale do Apiaí, onde ainda trabalha
em plantação, cuida de si mesmo, mora sozinho.
No
momento, o seu maior desejo é participar das festividades
em honra ao Bom Jesus de Iguape, para onde tem ido quase todos
os anos e já foi até festeiro.
Foi
em face de seu interesse pela região e pela incidência
da vivência do meu avô na mesma que resolvi lhe escrever
para narrar esses fatos.
São Paulo, 20 de junho de
1988
Atenciosamente,
Dirce da Silva Cresto