José
Rosendo é uma destas mentes preciosas. Ele guarda na memória muitas
lembranças de sua infância, que diz ter sido muito bonita. "Acredito
que, na minha época, as brincadeiras eram mais saudáveis. Ao invés
de video-game, nós nos divertíamos pescando, passarinhando
ou brincando no areião" diz ele, referindo-se ao terreno de areia
que existia perto da Igreja Matriz e que hoje é ocupado pelo Calçadão.
Rosendo diz que as festas religiosas, como a do Divino Espírito
Santo e a da Padroeira, sempre foram atrativos turísticos em Itanhaém.
Ele conta que os visitantes vinham de trem e a chegada era uma festa.
"Nessas datas, o principal programa da população era esperar os
romeiros. Os garotos aguardavam na estação, pois ganhavam trocados
carregando malas. Alguns iam para paquerar e eu vi muitos casamentos
saírem desses eventos".
Outro lugar de paquera e divertimento era o Gabinete de Leitura,
que ficava ao lado da Casa Paroquial. Ali, eram promovidos concorridos
bailes aos sábados. José Rosendo garante que, além de lazer, o gabinete
tinha uma função cultural. Como a Cidade só oferecia estudos até
o 4º ano primário, os alunos que não tinham condições financeiras
de completar a graduação em Santos participavam de aulas educativas
nesse espaço. "Com a Revolução de 1932, os livros foram todos destruídos.
Foi aí que começou a aumentar o índice de analfabetismo. Antes,
todos aprendiam a ler e escrever no Gabinete de Leitura".
A respeito da bananicultura, atividade que gerou muitos empregos
e de onde saiu bastante dinheiro, Rosendo tem suas mágoas. "Fomos
a capital brasileira da plantação de banana, mas nada foi investido
em Itanhaém".
Fonte: "A Tribuna" de 22/04/1993