O
núcleo que então se formou, aos pés do Convento,
com casas de pau-a-pique alinhadas em torno da Igreja Matriz e da
Casa da Câmara e Cadeia, constituindo o largo da Matriz, jamais
teve problemas de abastecimento de água. Eram quatro fontes
que supriam de água potável o vilarejo: Itaguira,
Água Vermelha, Rabelo e Mãe Benta. A única
que até hoje existe é a fonte Itaguira, situada no
sopé do morro do Convento, junto ao Mercado Municipal e defrente
à ferrovia, local conhecido antigamente como "Porto
dos Frades", por ficar próxima às escadarias
que levava ao Outeiro. Até cerca de 40 anos atrás,
mesmo com o advento da água encanada, muitas famílias
preferiam, para beber, a cistalina água da Itaguira. Hoje,
infelizmente, a água que dali brota está poluída.
Água Vermelha era um "olho d'água" que brotava
de pequena elevação situada no ponto onde hoje está
o trevo de entrada da cidade, na Vila São Paulo. Embora,
para a época. "longe da Vila", o povo tinha preferência
pela mesma. Pois, apesar da coloração avermelhada,
a água era saborosíssima e, segundo a lenda, tinha
poderes curativos.
Todas
as casas da Vila possuíam um pote ou uma moringa com a "água
vermelha", que era consumida em ocasiões especiais e
oferecidas às visitas, como um gesto de cordialidade. Num
capão de mato existente nas proximidades do local, onde mais
tarde foi construída a estação ferroviária,
existia uma nascente de água que passou a ser conhecida como
Fonte do Rabelo. A água, de excelente qualidade, era abundante.
As autoridades construíram dois tanques de pedras. O primeiro
abastecia de água potável as casas da vizinhança
e o segundo, situado abaixo do outro, recebia as sobras do líquido.
Era utilizado para a lavagem de roupas.
Um
pouco mais adiante, na mesma direção (onde hoje está
situado o colégio "Jon Teodoresco"), ficava a "Mãe
Benta". Era uma pequena lagoa onde as lavadeiras exerciam o
seu mister e a garotada se banhava em dias de verão! Com
a chegada da estrada de ferro, em 1923, e os consequentes desmatamentos
e aterros, essas fontes desapareceram. As moradoras da Vila também
utilizavam para lavagem de roupa, os "olhos d'água",
que eram connhecidos tradicionalmente como "tubos". Todos
esses "tubos" situavam-se na atual rua Antônio Olívio
de Araújo, antigo "Caminho de Baixo" e possuíam
nomes bastante pitorescos como: "Fonte dos Cavalos", "Casinha",
"Tubo do Sinhô Mariano", de "Sinhá Fina",
de "Sinhá Antoninha de Paulo", de "Sinhô
Vanca", de "Dona Adelaide", além de outros.
Fonte:
"Flores da Pedra"
(Academia Itanhaense de Letras)